No Estado do Rio de Janeiro (Déja Vu "Caso Procunsult"*), as fraudes na apuração a eleição proporcional em 1994 foram tão grandes que esta eleição foi anulada e realizada novamente junto com o 2º turno para governador. Apesar de a Polícia Federal e as Forças Armadas terem sido convocadas para ajudar na fiscalização, até hoje [2002] pairam dúvidas sobre a veracidade dos resultados para deputado federal e estadual naquele pleito. Uma conspiração bem organizada havia comprado os digitadores para alterar os resultados na preparação dos boletins de urna e nas totalizações -- trocando as votações entre candidatos da mesma legenda, cuja fraude ficou muito difícil de ser flagrada pelas rotinas de consistência no sistema de totalização operado pelos computadores da Justiça Eleitoral.
Naquele pleito de 1994, os resultados de cada urna, devidamente digitalizados, foram transmitidos para cada TRE via modem, sem nenhuma segurança de criptografia, ficando assim muito vulneráveis à violação por hackers ou fraudadores.
* O "Caso Proconsult", como ficou conhecido, diz respeito a uma fraude ocorrida nas eleições para o governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1982. O TRE local, na época, decidiu informatizar a etapa da totalização dos votos e, para tanto, contratou a empresa Proconsult. Ao final da eleição, a Justiça Eleitoral anunciou Moreira Franco como o candidato vitorioso, mas uma apuração paralela informal, baseada em mapas produzidos manualmente pelas juntas de apuração de cada zona eleitoral divulgados pelo próprio TRE, contrariou o resultado, dando a vitória para Leonel Brizola -- o que mais tarde foi confirmado.
Supostamente, as urnas eletrônicas eliminam a possibilidade de tutela do voto do eleitor mais humilde pelos caciques e seus cabos eleitorais, pois não têm como comprovar o voto para que o eleitor possa receber o seu "agrado" posteriormente. Porém, a Justiça Eleitoral tomou conhecimento da "criatividade" de alguns candidatos a prefeito na "verificação" do voto dos "seus" eleitores. Na saída da votação, o cabo eleitoral perguntava: Você votou no Dr. Fulano?
. E o eleitor respondia: Sim Senhor, votei nele
. Ainda, o cabo perguntava: E você notou algo diferente quando o retrato do Dr. Fulano apareceu na tela?
. O eleitor mais "observador" respondia: De fato, ele estava sem bigode; eu nunca vi ele sem bigode
, ou Ele estava com uma gravata borboleta ridícula
, ou Ele estava com uma camisa havaiana muio feia
. Respondendo a "senha" corretamente, o eleitor recebia a sua "recompensa" por ter votado "certo". O eleitor "distraído" ou sem atenção que não conseguiu lembrar a "senha", não recebia o "agrado".