Um minério pouco conhecido ajuda a explicar a guerra civil que devasta a República Democrática do Congo desde 1998, com quase 6 milhões de mortos – a chamada “Grande Guerra Africana”. Apelidado de “ouro cinzento”, o coltan – abreviatura de columbita e tantalita – contém nióbio e tântalo, usados em aparelhos eletrônicos, como celulares e GPS. O subsolo do Congo tem ouro, cobalto, cobre, diamante e 64% das reservas mundiais do coltan, mas o país quase não desfruta dessas riquezas. A maioria das minas está na região oriental, onde o Exército combate rebeldes apoiados pelas vizinhas Ruanda, Uganda e Burundi. Esses três países foram acusados de contrabandear coltan congolês pelo Conselho de Segurança da ONU – que enviou tropas para a região [...].
O minério é extraído artesanalmente, sob controle de dezenas de milícias armadas diferentes. A operação gera recursos a garimpeiros e ex-agricultores que [em 2014 ganhavam] até US$50 por semana, cinco vezes mais do que obteriam no cultivo. Entretanto, a extração está erodindo a terra e poluindo lagos e rios, além de intensificar a matança de gorilas usados para alimentar mineradores. Cerca de 125 empresas globais [em 2014 estavam] ligadas ao coltan do Congo, segundo a ONU. Por causa da ilegalidade da extração, muitas, como a Cabot Corp., já procuram outras fontes do minério. Mas boa parte persiste sustentando a prática predatória.